quarta-feira, 3 de agosto de 2005

Nova Iorque (IV) – 22 de junho

A porta que se abre para a rua é também a tampa de uma caixinha de música que é a própria cidade. Toda vez que se chega à rua, provavelmente pelo incentivo do sol morno brilhando nesses dias longos e satisfeitos de vida do verão existem no ar sons que levam ouvidos farejadores para degustar alguma melodia nova, diferente de todas as que foram experimentadas ontem e antes e amanhã e depois.

Há uma performance exclusiva e própria de cada dia e lugar. Tinha uma dupla cantando músicas de um país que esse já não é mais. Também não é mais possível rever o show, ainda que se retorne ao mesmo parque, à mesma esquina, à mesma estação em que eles estiveram. A mesma singularidade, e só o fato de serem coisas únicas é que se repete, com o bluesman, a flautista, o mexicano que tocava Besame mucho, a negra tocadora de tambor e também o solitário cantor. Um pedacinho de música por vez, um bocado de canção, e isso é que vai mantendo os dias leves apesar do peso quente do calor e dos trastes que cada um carrega dentro de si.

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