sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

A voz critica - Ano I, nº 02

Hoje foi dia do dono da voz assistir ao badalado "O jardineiro fiel" (The constant gardener), do diretor brasileiro Fernando Meirelles baseado no livro The constant gardener, do escritor inglês John le Carré. O filme é sensacional, mas é uma porrada no queixo capaz de deixar grogue qualquer um.

Os primeiros dois terços do filme agradam todos os gostos: começa numa quase comédia romântica que vai desaguar numa trama que lembrou ao dono da voz o atormentado Bentinho sofrendo com os olhos de ressaca de Capitu no genial "Dom Casmurro" do Machado de Assis. Daí a história vai para o tema da espionagem e teorias da conspiração, tendo como pano de fundo uma espécie de documentário sobre a corrupção, a miséria e a questão da Aids na África. Nessa hora, quem prestar atenção lembra de "Cidade de Deus" - Fernando Meirelles é perfeito para colocar comunidades que vivem em meio ao caos na tela. E, para terminar, o golpe que nocauteia o público, a demonstração cabal de que os seres humanos podem ser criaturas monstruosas.

Poucas salas ainda exibem a fita. O dono da voz assistiu no Cine Segall, uma salinha de cinema que fica dentro do Museu Lasar Segall e deixa a sensação de que se está na sala da sua casa.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

Sugestão

O dono da voz recomenda veementemente que, da próxima vez que você encontrar alguém de colete vendendo uma revista chamada Ocas", compre um exemplar. Ou mais. Primeiro porque é uma revista de cultura boa e baratinha, R$3,00. E também porque é um dos melhores projetos sociais que o dono da voz já viu. Os vendedores da revista são moradores de rua, e ficam com R$2,00 da venda de cada exemplar. A idéia é ajudar a reestruturar a sua vida por si mesma, sem assistencialismo. Alguns endereços onde você encontrar um vendedor em São Paulo:

- Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro)
- Espaço Unibanco (Rua Augusta)
- Livraria Fnac (Av. Paulista)
- Itaú Cultural (Av. Paulista)
- Largo São Francisco
- Sesc Vila Mariana

Quer saber mais? O site deles é este aqui: www.ocas.org.br

sábado, 3 de dezembro de 2005

A voz critica - Ano I, nº 01

Na quarta-feira, graças aos convites conseguidos pelo seu cunhado que trabalha na Editora Abril (o link fica como retribuição), o dono da voz assistiu à première do filme "Querida Wendy" (Dear Wendy), escrito pelo diretor do sensacional "Dogville" Lars von Trier.

Não chega a ser genial, mas vale a pena assistir. Pelo menos para experimentar a sensação de vazio e atordoamento quando o filme termina - quando perguntam, assim que as luzes se acendem, se você gostou do filme, a resposta mais honesta é sempre "não sei". Porque não dá para digerir assim tão rápido um filme desses.

"Querida Wendy" conta a história de um bando de moleques sem perspectivas na vida. Perfeitos
losers, como os moradores daquela cidadezinha americana os definiriam. Até que eles um sentido para a sua vida: sua paixão por armas. São garotos incapazes de matar uma mosca. Embora andem com as suas armas para cima e para baixo, como se fossem amuletos para dar "apoio moral", recusam-se terminantemente a sequer mostrar a arma a outras pessoas. Mas não são violentos, não querem matar ninguém nem mesmo por autodefesa.

Pena que o filme não foi exibido enquanto estava a discussão do plebiscito do "desarmamento". Assistam e tirem suas conclusões, mas "Querida Wendy" mostra o que acontece quando inofensivos "cidadãos de bem" tem uma arma nas mãos.