segunda-feira, 6 de junho de 2005

Última chamada

O alto-falante falou que agora eram as despedidas finais, os últimos momentos antes dele se confinar no tubo gigante com asas, que voa, a despeito das nossas desconfianças e medos. Do lado de lá da parede, ele está por sua conta, e segue para desbravar a si mesmo, descobrindo novos mundos, dobrando o Cabo da Tormenta em busca do da Boa-Esperança. Encontrará riquezas nas novas terras? Enfrentará porventura o motim da sua razão contra a alma, ou vice-versa? Quem dirige o seu navio?

O barco é pequeno, e grande é o mar. Ele não enxerga a coluna de fogo nem a grande nuvem que já guiou um povo pelo deserto. Não sabe usar o astrolábio, para onde vai não tem o Cruzeiro do Sul. Menos mal, sabe que o mundo é redondo, e, ainda que tenha que navegar por meses a fio, em algum momento há de esbarrar em terra firme. E ensinará os nativos a orar o Pai Nosso e os ajudará a lavrar a terra, mandará notícias do mundo de lá quando der.