quinta-feira, 14 de julho de 2005

Nova Iorque (I) – 9 de junho

É meu terceiro dia aqui. Feels like home! Mas é uma casa repleta de estranhezas: não se acostumou com as propagandas de escritórios de advocacia no metrô, oferecendo ações milionárias para quem quebrou uma unha no trabalho, nem com os “no”, as proibições que se espalham por toda a parte. Não é tanto o problema de existirem os “no”, mas eles pularem a todo instante na nossa frente, sem pudor nenhum em sua nudez não permitida.

São assim as coisas aqui: se não há um “no”, aquilo que não foi proibido existe. Ninguém parece ser capaz de se auto-restringir muito. É um tanto óbvio, para esta humilde voz, que não se cuspa no corredor do ônibus. Para eles, surpreendentemente, não é, e deve-se portanto proibir, porque, tomando as tabuletas das proibições como regra, não há o mínimo senso de limite embutido nessa gente. As vergonhas do dono da voz também são maiores que as deles: ele tem medo de sair de pijama pelo corredor até o banheiro. Fica receoso de usar uma camiseta velha para sair pela rua.

Aqui, ouço mais do que falo, mais ainda do que o meu normal. Confio pouco ainda no meu inglês para dizer qualquer coisa, porque na boca onde moro soa essa língua estranha mais crua do que de costume. Rude, quase um alemão e seus fonemas ríspidos. Tenho quase certeza de que há nas minhas costas uma dessas tabuletas de proibição com um “no speaking”…

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