sábado, 1 de outubro de 2005

Da filosofia

"O mundo me condena
E ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
Se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome.

Mas a filosofia
Hoje me auxilia
A viver indiferente assim"
(Filosofia, de Noel Rosa)
Não, o mundo não condena o dono desta voz. Talvez a voz, mas não o dono, acho. O passado até que pode condenar, mas boa parte dos pecados prescreveram faz tempo. Os crimes foram de réu primário, e há atenuantes.

Ainda que não haja condenação, é bem-vinda a filosofia, no entanto, seja ela a de vida, de bar, de fé ou mesmo a dos filósofos (que são todas filosofias, mas filosofias diferentes, como se bem sabe). Porque é com essa "filosofia" que o dono da voz se reconstrói, explica o mundo e a si mesmo, criando um habitat no qual a vida é possível. Iacob semper reformandus est.

Não precisa falar da gente, não somos adeptos do "fale mal, mas fale de mim". As memórias também vivem quando estão quietas e intocadas, assim como o sol continua brilhando mesmo que ninguém se lembre dele. Na memória, aquilo que é real fica mais valioso porque passou pela ourivesaria do hipocampo.

"Deus me ensinou praticar o bem,
Deus me deu essa bondade" (Cuidado com a outra, de Chico Buarque)

Ao dono da voz Deus fez o mesmo, caro Chico. Mas ele não abre porta, porque isso é trabalho para quem quiser entrar. Aliás, elas sempre ficaram destrancadas (mas não espalha não!).

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