quarta-feira, 21 de setembro de 2005

A refundação de um partido

Há muitos anos, o dono da voz participava de uma séria brincadeira chamada micronacionalismo. Em poucas palavras, as micronações eram países simulados, com governo, relações diplomáticas, história, sociedade e cultura independentes. Era uma brincadeira, mas uma brincadeira potencialmente bastante séria porque permitia um contato mais próximo com o jogo político e também servia como um modelo bastante interessante para criar e testar formas de governo, de organização política e de mobilização social.

Pois bem, quando era cidadão da República de Orange, o "personagem" do dono da voz que era cidadão daquele país era Júlio Caimã, atualmente no auto-exílio e sem pretenções de sair da sua toca. Júlio Caimã, descontente com o teatro do faz-de-conta que se estabelecera no país de faz-de-conta que era Orange, criou o Partido do Contra (PdC). A fase que Orange atravessava tinha paralelos com a confusão na política brasileira desses dias: os partidos não representam ninguém a não ser a si mesmos; ideologias e propostas não significam nada; há uma falta gritante de bom senso e, por fim, a impressão de quem está de fora é que os parlamentares só trabalham mesmo é para serem eleitos para o próximo mandato.

O PdC era uma tentativa de se criar um partido para esses tempos pós-modernos, onde tudo é relativo e portanto não dá para ter certeza de absolutamente nada. A proposta era simples: o PdC vota sempre contra quando o projeto é estúpido, não tem relevância prática ou não tem a menor chance de se transformar em realidade. O PdC só vota a favor para projetos que convençam da sua viabilidade e do seu potencial para mudar o jeito como as coisas funcionam. Como projeto nenhum nunca tinha conseguido convencer ninguém de nada, então o PdC sempre acabava votando contra. Servia pelo menos para mostrar que o faz-de-conta não convencia todo mundo.

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